A velocidade da mentira
Há algum tempo atrás, publiquei post, clique aqui para ler, sobre o tema fake news como estratégia de marketing político e creio que faltou falar um pouco sobre a dimensão que as notícias falsas ganharam no meio social. Todos os dias, os grandes jornais publicam desmentidos em suas páginas, porém a velocidade das “fake” é muito maior.
Assisti a um especial sobre o tema, e o entrevistado era da Agência Lupa, especializada em "fact checking”. Mais do que se rebelar contra as notícias falsas, que são publicadas diariamente, inclusive nos espaços publicitários dos próprios jornais, é preciso entender o básico: isto se tornou um nicho altamente rentável. Muitas vezes é difícil identificar o que é chamada do próprio jornal ou propagandas monetizadas pelo Google, na maioria dos sites de notícias. Aliás, a publicidade convencional, de certa forma, não deixa de conter alguma falsificação para vender, porém é possível identificar a marca e seu responsável, sem grandes problemas. Se há demanda por este tipo de “informação” sempre vai aparecer alguém para oferecer este tipo de (des)serviço. A internet, e principalmente as redes sociais, potencializaram esse consumo. Então, ao unir as pontas, temos os empreendedores ideológicos que se servem deste mercado. A política, o populismo e o entretenimento são focos em potencial. O mainstream ideológico, de negócios, nicho extremista e marginalidade se tornam produtores em potencial. As notícias falsas se tornaram um mega negócio na rede e pelo que parece as autoridades não desejam criar algum tipo de regulamentação. Com o fim da exigência do diploma de jornalismo e sob o manto da “liberdade de expressão", fazer frente à desinformação não é tarefa fácil. Algumas empresas tentam, com cruzamento de dados, checagem de fatos, verificação, comparação, acesso a banco de dados, mas isso demanda tempo. A quantidade de mentiras sobrepõe, empilha, produz o esquecimento e quando a notícia é desmentida já não nos lembramos do que se tratava. Além do mais, a grande maioria de nós não tem acesso a canais de informação confiáveis. Pela simplicidade, descompromisso e tendência a dar crédito a tudo que nos chegam, acreditamos e ainda muitos mantêm a informação em circulação replicando para suas listas. Saber o que vai ler ou ter como fonte de informação não é tão simples como parece. A banalização da liberdade de expressão trouxe um problema de difícil solução.** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.
