Papéis trocados

Papéis trocados
Marketing político
Embora muitas vezes seja difícil o entendimento à maioria, o marketing político envolve o estudo das representações e da constante mudança da realidade em que vivemos.

*Por Didi Pasqualini

Quando o candidato assume o papel do profissional de marketing político a campanha corre sérios riscos. Isso porque ele deixa de fazer o principal: a política.

É preciso entender que fazer alguém votar hoje em dia deixou de ser tarefa em que a preocupação era com um punhado de meios de comunicação. Atualmente, fazer alguém votar em determinado candidato e rejeitar outros tem um papel que vai muito além da esfera midiática.

O eleitor está deixando de prestar a atenção no político. Os debates, que antes serviam para direcionar as massas e tinham papel relevante na campanha, estão perdendo seu espaço.

Se antes alguns temas dominavam a eleição, hoje as pautas são fluidas, líquidas, como diria Zygmunt Bauman. É muito difícil algum candidato dominar um tema e sustentá-lo durante o processo.

Acontece que as estratégias de persuasão, de um modelo ideal de mundo, deixaram de pertencer ao político e, com as redes, estão na esfera mais popular, acessíveis à maioria das pessoas, discutidas mais abertamente nas escolas, grupos, redes sociais, etc.

Até o recurso de desqualificação do adversário sofre uma corrosão com o passar das campanhas. Como sustentar que o outro é corrupto, por exemplo, se a corrupção, ao que parece, não está só nos governos e na cabeça dos governantes, mas em todo o sistema?

Como tornar o político essencial se o valor de troca o está deixando, eleição após eleição, supérfluo? É possível ser opção ao eleitor diante de tamanha desconfiança e demérito?

É preciso inovar. O candidato precisa urgentemente se adequar às necessidades da população. Entender que a aventura da administração fácil chegou ao fim. O governo de aparências é desnecessário, pois o necessário, infelizmente, na grande maioria das vezes, fica no desejo daquilo que é ideal e geralmente apenas midiatizado nas promessas.

É imprescindível transformar aquilo que está se tornando repugnante na sociedade, em algo essencial e justificável.

Se não for muito difícil entender, o marketing político está aí, na sua eterna busca por atender a ambas as necessidades; do cliente e consumidor. Aquilo que muitas vezes é encantador, chama a atenção e torna-se tentadora a cópia do outro, foi um dia, em algum momento percebido e potencializado pelo marketing.

** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.

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