Pré, com cara de campanha
Os principais candidatos à presidência já iniciaram, há algum tempo, a pré-campanha. Cada um com característica bem marcada e pontual. Como de praxe, quem está no poder consegue anunciar obras, bancar apoiadores, visitar os mais distantes rincões de seus Estados e o País. Reúnem pessoas e iniciam pré-teste eleitoral. A mídia acompanha, e os institutos de pesquisa medem o desempenho. Em resumo: estão em vantagem no processo.
Há alguns anos busco desenvolver uma linha de pesquisa sobre aquilo que chamo de camadas de entendimento político. Algo que não está na festiva ação de marketing político, mas na vocação de governo que o País deve buscar. A tese central desta teoria é a de que o brasileiro viveu, nestes 35 anos, desde a abertura democrática, algumas "camadas de governança": esquerda, direita e centro. Sua sedimentação e posterior maturidade, mesmo que empírica, chegaram ao ponto em que é possível formular a seguinte questão: que país é possível? Ou seja, almejamos uma nação rica, só que para poucos? Um lugar instável, disciplinar e repleto de radicalismos? Ou um país popular, menos rico, mas com igualdade social e oportunidades? O governo que aí está tem tropeçado no conjunto de regras daquilo que pode e não pode ser dito. Sua desqualificação está vinculada justamente àquilo que o poder não reconhece. O 7 de setembro deixou muito claro a ele o que é permitido dizer. O governo que não está aí, mas esteve, trouxe à maioria das pessoas a possibilidade de falar, pensar, ser incluída, sonhar..., mas não produziu um olhar atualizado sobre o nosso tempo. O governo que fez de São Paulo sua base, tem se identificado mais com as classes dominantes e a visão neoliberal de mundo. Também cultiva a ideia de que as oportunidades são iguais, mas não custa entender que somos uma sociedade extremamente diferente e desigual. A forma como a população pensa vai determinar que País vamos viver. Temos de ter muito claro isso e respeitar a maioria. Seria muito bom viver a prosperidade norte-americana, ter a qualidade de vida suíça, a liberdade francesa ou ainda a igualdade cubana. Todos os regimes têm seus defeitos, desajustes, virtudes e particularidades. Uma campanha de marketing político bem ajustada tem de começar por aí, buscar compreender onde o vento faz a curva.** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.