Aprovado por unanimidade
O descontamento não visa mudar o mundo, como muitos pensam, mas alterar a experiência das coisas.

*Por Didi Pasqualini

A aprovação do empréstimo por unanimidade (leia aqui) era tudo que o prefeito Gustavo Perissinotto queria, além de já ter um orçamento bilionário nas mãos - contar com mais R$ 75 milhões nos cofres. O que causa estranhamento é a falta de discussão e análise para o projeto de empréstimo que passou rapidamente pela Câmara. Mais ainda é a falta de liderança dos próprios partidos - que nas palavras de seus representantes aqui no JC deram a entender que não estavam convictos da aprovação. Perderam a oportunidade de discutir o empréstimo melhor e amplamente com seus filiados.

Gustavo não conseguiu maioria na Câmara quando eleito, foi duramente criticado pelos partidos que lançaram Juninho e Maria do Carmo, principais candidatos na eleição de 2020, e depois de prefeito - “plin” - tem aprovado qualquer matéria sem nenhuma resistência por parte da maioria. Pelo menos se esperava que 11 vereadores tivessem postura mais crítica com relação ao endividamento.

O problema aqui é que quando há uma relação mais íntima com o Executivo, sonhar com qualquer tipo de oposição é uma fantasia que parece estar apenas na cabeça de poucos jornalistas de plantão.

Aos partidos, fica uma questão: como convocar novos candidatos para 2024 se os que o foram em 2020 não tiveram a chance de, junto com os vereadores, decidirem pela aprovação/rejeição? Ninguém foi eleito sozinho, principalmente aqueles que entraram com menos de 1000 votos. Essa prática fortalece os vereadores do partido e deixa a maioria em segundo plano, muitos se sentindo usados por serem coadjuvantes do processo.

Acredito que o conceito de democracia interna aqui escapa do real e vira ficção, pela realidade e ganância com que vivemos nos dias de hoje. Se o eleitor tentar entender essa política vai perceber que a Câmara é capaz de apostar no falso como verdadeiro.

A população e a sociedade organizada, que em sua grande maioria se distanciou das discussões políticas, pelas facilidades que é permanecer prisioneiras em suas bolhas na internet, fica a reflexão de que não é a crítica que faz uma cidade melhor ou pior e sim a atuação de cada um na comunidade. A crítica é apenas uma tentativa de se estabelecer certa verdade, pois o poder, quando "unânime", passa a triunfar sobre nossas cabeças não dando chance ao contraditório.

Gustavo é causa e efeito de suas próprias palavras e ações quando promete aquilo que não pode fazer. Quando sobe no palanque e diz que se preparou para ser “prefeito”, mas não consegue colocar a casa em ordem e na primeira oportunidade empilha mais uma pedra nesta catedral que se chama endividamento.

O crítico, não o criticista, saiba diferenciar mesmo não concordando comigo, sempre espera pela revolução, nunca a barbárie. O que Gustavo precisa entender é que hoje seu “diálogo” parece predominar, mas se olhar para os que estiveram no mesmo lugar que ocupa vai entender que em pouco tempo estará sozinho, porque quem faz a mesma coisa, pensando que está fazendo diferente, não faz história, será extirpado por ela.

** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.

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