As pesquisas e a nossa vontade

Descaso com os ciclistas

As pesquisas captam o momento. A eleição é outra história.

*Por Didi Pasqualini

O resultado da última pesquisa feita pelo Datafolha há alguns dias surtiu grande expectativa ao mercado e mostra uma realidade que, me parece, está se consolidando no País: não vamos ter uma eleição polarizada, como muitos pensam.

Isso, porque a estratégia de marketing dos partidos que não estão envolvidos diretamente na disputa eleitoral vai ser colar suas "marcas" em quem estiver na frente. Esta ação eleva cada vez mais as chances de vitória do mais bem colocado. Quando lemos que o presidenciável “X” conversa com partido “Y” significa esta tendência e como as articulações ganham impulso - elevam uns, deixam outros mais distantes.

Em determinadas localidades a sensação que temos é de que a pesquisa não aponta para a realidade ou ainda está errada. Mas dificilmente a população em geral consegue entender que o País não só é grande geograficamente como culturalmente e tem realidades distintas.

Outro exemplo de desconhecimento daquilo que denomino aqui por “coisas políticas” e realidade de mercado é uma pesquisa postada em uma rede social.

Neste caso, a questão é a seguinte: Se você fosse empresário e tivesse que contratar o CEO (Chief Executive Officer), qual desses nomes contrataria? A lista inclui os principais candidatos à presidência.

O senso comum sempre aponta para questões empresariais como solução na administração pública. Mas muitos empresários bem-sucedidos se deram mal na vida pública.

Precisamos entender que dentro de uma empresa o sistema de poder é entregue a uma única pessoa ou grupo. Na política, os poderes divergem. O Executivo precisa do aval do Legislativo, e ambos podem ser acionados ou monitorados pelo Judiciário.

A isso chamamos Democracia. Levar ideias particulares e tentar impô-las na política geralmente acaba sendo um fiasco. Assistimos a isso hoje na esfera mais alta do Executivo.

Isso acontece porque as relações de igualdade ou de desigualdade são diferentes entre empresas e a administração pública.

Na empresa a política social, quando existe sem ser objeto de marketing, tem número limitado de pessoas a serem atendidas. Na política a economia é outra, existe muita coisa a ser feita.

Claro que a grande maioria que dos nos governam não só deixa transparecer o desejo de negócio como é incompetente naquilo que se prontifica a fazer, que é administrar, mas isso é outra história.

A frase do filósofo Francês Michel Foucault cabe muito bem naquilo a que este texto se dedica: “O poder não se funda em si mesmo e não se dá a partir de si mesmo”.

Como consultor em marketing político, procuro levar aos meus assessorados esta visão. Quando faço uma revisão crítica, não miro “A” ou “B”, apenas faço exercício Democrático. A crítica é muito importante ao político que sabe valorizar as ideias. Por outro lado, na maioria das vezes, ela agride aos ouvidos dos ditadores. Daqueles que são “legais” com os amigos e na vida social, mas são letais com filhos, parceira(o) ou desiguais.

Feliz Natal é ótimo ano a todos.

** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.

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