Descaso com os ciclistas

Descaso com os ciclistas
Descaso com os ciclistas
Enquanto não elegermos um administrador plural, que enxergue a sua cidade, além de seus interesses, conflitos tendem a aumentar. Administrar é mais do que brincar de fazer política.

*Por Didi Pasqualini

As ciclofaixas estão sumindo. A falta de manutenção, sinalização e conservação é visível. O que era para ser mais uma opção de transporte é deixado de lado. Com investimento a ser feito na malha urbana, a maioria dos prefeitos mostra que sua compreensão de transporte é o carro, ou seja, enquanto o mundo se debruça sobre os efeitos do aquecimento global, a “bike”, meio de locomoção limpo, não emplaca no planejamento urbano.

Em Rio Claro, os últimos três prefeitos, bem timidamente, iniciaram a implantação das rotas exclusivas para bicicletas. No governo Altimari, as ciclofaixas ganharam impulso, e Juninho manteve uma conservação tímida, principalmente nas do centro.

Mas mesmo nas ciclovias e ciclorrotas existentes enfrentamos problemas; entre eles, traçados mal planejados, obstáculos, falta de educação de “motoqueiros”, “motoristas”, moradores, buracos, galhos de árvores, falta de sinalização, e muitos outros.

A “ciclovia” construída na estrada velha de Santa Gertrudes é um exemplo deste horror. Três quilômetros, aproximadamente, entre a avenida 29 até a rotatória que divide o município mostram, juntos, todos os meios possíveis de incompetência política, planejamento e engenharia viária.

No final, um brinde: a ciclovia termina em um barranco em frente à Cerâmica Villagres. A empresa, que deve ter vários funcionários que usam a bicicleta, poderia se dar o trabalho de, pelo menos, em frente a sua fábrica terminar o que o Estado não fez. Acho que cabe aqui falar da compensação do impacto ambiental que uma empresa do setor gera ao meio ambiente. Mas se fizer, que faça bem feito.

Além da malha, a falta de segurança, banheiros e local adequado para deixar a bicicleta são fatores que impedem adesão maior a este modal de transporte. Os bicicletários no centro são inadequados e não oferecem segurança aos proprietários. Falta política de segurança também aí, e o poder público não tem tratado o tema como se deve. Me parece simples, é só querer.

Infelizmente, a política para o setor tem se tornado cosmética e eleitoreira. Engenheiros, secretários e políticos ainda “pensam” pela lógica do automóvel, esquecendo-se de que há modais diferentes.

Por outro lado, o sadismo de muitos “motoristas”, “comerciantes”, “motoqueiros” para com os ciclistas é de arrepiar. Não estamos falando apenas da falta de credulidade com meio de transporte, mas da falta de educação, coletividade, amor ao próximo e, principalmente, respeito com seu semelhante. O ciclista, muitas vezes, se torna alvo da frustração nossa do dia a dia.

Não podemos deixar de dizer que, quando um administrador se mostra atrasado, limitado e a serviço de poucos, emergem instrumentos que privilegiam a individualidade. Por mais que ecoem manifestações em prol da bicicleta como meio de transporte limpo, nosso vínculo com o egoísmo, diferenciação, luta por espaços e distinção derrubam nossa máscara de “protetor” do planeta.

Por fim, enquanto nós, ciclistas, enxergarmos a bicicleta como meio de lazer, “treino” ou modinha, nossos colegas, que dependem desse transporte, não terão seu espaço. Ruim para todos, concorda? Não adianta a gente ter uma consciência isolada e vazia, é preciso nos organizar.

** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.

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