Qual lado?
A eleição presidencial deste ano tem uma blindagem em que o marketing das redes dificilmente vai penetrar: a economia. Por mais que oposição e situação tentem politizar o fenômeno, a realidade assusta e a massa crescente que compõe o bloco daqueles que estão na linha da pobreza ou chegando nela tornou-se densa, difícil de ser penetrada pela retórica vazia, do tipo não deu tempo, pandemia, País quebrado, etc. Isso justifica o começo dessa prosa.
Retóricas passadas ou justificativas se desfazem quando o tema central é comida à mesa. Como produzir “fake news” ou falar que este ou aquele é burro, corrupto, que nos tornaremos a Venezuela do amanhã (apesar de estar mais próxima agora), podem dar resultados esperados em 2022? Muita gente está se debruçando no tema ao encontro de algo que possa pautar a eleição.
Muitos temas, que definiram um território próprio ao vencedor na última eleição, são mantidos em rede e servem a uma legião de voluntários que os mantém circulando como dever a ser cumprido e a eles permanecem o desejo incontido da militância. E outros vão sendo agregados.
Imagino que 50% dos que estão de um lado, pelo menos a metade, aposta no “milagre” da terceira via. Os outros 50% ou quase, segundo as pesquisas, já escolheram ou encaminharam sua intenção de voto.
Nesta esteira, partidos sem candidato próprio, líderes religiosos, setores de trabalhadores e outros, que ainda não definiram para onde apontam seu apoio, à medida em que o processo eleitoral avança, devem “escolher” o lado que vai vencer a eleição para não ficar de fora.
Em se tratando de marketing político não se pode perder de vista que as camadas sociais comunicam algo. Saber o que elas dizem secretamente já é meio caminho andado para descobrir “coisas” que para a maioria está oculta.
É arriscado implantar retóricas e usar as redes para tentar dominar um tema pela força. A agressividade online, talvez, não seja o caminho, vimos isso na última eleição presidencial nos Estados Unidos.
Outro detalhe importante, para entender o processo, é saber como está a nossa cabeça "pandêmica''. Será que conseguiremos ter empatia o suficiente para perceber que cada vez mais as pessoas estão precisando de novas políticas públicas? Será que temos consciência das dificuldades de sobrevivência desta, talvez, maioria que escolheu em quem vai votar pautada pela situação em que vive? Temos projetos políticos ou candidaturas que nos movem?
Esta eleição será marcada pelos sentidos, diferentemente da outra que foi pelos sentimentos. Por sentido, entenda uma ordem cognitiva que fala além daquilo que muitos tentam impor como verdade ou mentira, certo ou errado, bom ou ruim.
A opinião pública é algo que não devemos menosprezar, muito menos achar que esta ou aquela ferramenta de marketing tem o poder supremo de mudar o pensamento das pessoas e capturar almas. Deve triunfar nesta eleição a retórica que conseguir construir objetos que vão ao encontro dos atores sociais e daquilo que a sociedade pensa e não do que a nossa individualidade imagina.