Desistir

Desistir
Didi Marketing político
Mesmo fazendo tudo certo podemos estar no caminho errado. Nem tudo que está posto no mundo foi feito para dar certo.

*Por Didi Pasqualini

Há um Vídeo do filósofo Luiz Felipe Pondé - o qual tive o prazer de conhecer quando estudei na Puc em São Paulo - que toca em uma questão bem interessante: sentir-se ou não um fracassado nesta era ultracompetitiva na qual vivemos.

Sucesso ou fracasso são faces da mesma moeda, porém a tal da "resiliência" - que diz que precisamos continuar e nos reinventar a cada dia - pode ser uma armadilha. Isso porque na ânsia de "nos reinventar " podemos, na grande maioria das vezes, cometer os mesmos erros herdados de experiências passadas.

Como levar adiante relacionamentos monótonos? Como ajudar as pessoas que não querem ajuda? Como aprender na era "google"? Como fazer parcerias com pessoas que querem te explorar? Como ensinar, quando o mantra “ultrapassado” está na ponta da língua dos exploradores? Como saber desistir das coisas e não se sentir um fracassado? Como manter relacionamentos na era dos smartphones? Como manter candidaturas ultrapassadas?

Mas o que a desistência tem a ver com o Marketing Político e a “nova” era em que vivemos? Tudo. Candidaturas são opção que as pessoas fazem em busca de um objetivo, pessoal ou coletivo, porém desistir delas muitas vezes é a única saída para muitos pré-candidatos que, campanha após campanha, repetem os mesmos erros e são derrotados.

Quando desistimos das coisas, podemos ver com clareza aquilo que era coberto pelo véu de nossa expectativa, que cria uma falsa ilusão sobre os fatos. Esse filtro é muito importante para enxergarmos o que está oculto e que o desejo pessoal não nos permite discernir nossa postura, que vem sendo moldada para sermos “competitivos”.

É mais do que certo que, para aquilo que nos confronta no existencialismo, encontramos conforto no materialismo. Talvez seja por causa dessas escolhas que surjam tantos conflitos, desistências, resiliências e uma espécie de ditadura da felicidade, que estamos dispostos a defender heroicamente para provar ao “sistema” que somos capazes.

O Marketing Político trabalha com estas questões porque temos de explicar como e para onde o voto aponta. O comportamento social tem forte impacto nas urnas, porém é sempre bom lembrar que a eleição dá à população a permissão, mesmo que momentânea, para exercer um poder que lhe é concedido pela democracia. Entretanto, esta condição termina quando ele vota, e o escolhido é quem recebe tal poder. Sua vida, ao escolher alguém, pode se tornar mais fácil ou não. Em outras palavras: a população precisa e deve se mobilizar - e por mobilização é preciso entender que não é divisão entre este ou aquele, ou ainda a esperança de que uma "terceira via" possa ser a solução para os problemas.

Não é possível cobrar do eleitor comum conhecimento especializado do jogo político e dos interesses que são característicos das ideologias que se polarizam. O melhor caminho para a escolha é desistir da imposição que muitas vezes toma conta da gente em determinados grupos sociais. Aqui a regra é desistir para se reconstruir.

** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.

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