Tábula rasa
Gastos com marketing na campanha de Lula podem chegar a R$ 45 milhões, segundo estimativas. A briga pela comunicação nas candidaturas, de modo geral, é intensa. A regra de ouro no marketing é tratar o eleitor como consumidor. Não é à toa que as campanhas estão cada vez mais caras. Com múltiplas plataformas que devem ser atendidas de maneira eficiente abrem-se diversas possibilidades, não apenas na segmentação, mas na forma de se comunicar e isso encarece a campanha.
Para efeito comparativo, o marketing de João Doria, para esta pré-campanha, busca colar a imagem de um homem mais próximo ao povo. A roupagem proposta pela inteligência da campanha é "gente como a gente". O marketing também entendeu que "João Trabalhador" deve fazer com que o eleitorado tenha novo posicionamento sobre o candidato. Algo que remeta a outros "Joãos" como Deus, Povo, etc. Em 2018, quando concorreu ao governo do Estado de São Paulo, o figurino foi mais neoliberal. Naquele ano começou como empresário de sucesso e no segundo turno, ao enfrentar eleição, apertada com Márcio França, colou sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro. A propaganda, em tom emocional, foi ao ar há algumas semanas e repete aquele surrado histórico familiar do tipo começou pobre e chegou até aqui para vencer.
Infelizmente não tivemos, até agora, um consenso para a chamada "terceira via" na corrida presidencial. O que há de comum nas estratégias de Marketing Político é que Doria, Tebet e Bivar dizem estar "pensando" no Brasil e não nas questões partidárias ou pessoais. Mas a “união” se desfez antes de dar certo justamente por se mostrar que o “pensamento” era outro.
Enquanto isso, a opinião pública vê Bolsonaro “surfar” no cargo ao estilo Easy Rider. O último passeio de moto promovido pelo Presidente contou com poucos adeptos. Pouco mais de 3.700 pessoas passaram pelas praças de pedágio, segundo a Concessionária que administra a Rodovia e divulgado pelos grandes jornais. Foi mais barulho de parte da sociedade - que ficou incomodada e aponta como campanha antecipada - do que o ronco dos motores das "possantes". Ao estilo livre, leve e solto, o presidente segue sem destino ao sabor do vento e como no filme vai em busca da liberdade que garanta votos necessários para chegar bem e vencer no primeiro turno. Seu parceiro de "viagem", aqui em São Paulo, Tarcísio de Freitas busca decolar na esteira do chefe presidente. Terá uma parada duríssima ao enfrentar os conhecidíssimos do eleitorado de São Paulo, Fernando Haddad e Márcio França.
Por enquanto as principais campanhas seguem a tábula rasa em se tratando de projetos, ou seja, desprovida de grandes ideias e apostando na polarização como forma de debate social. A eleição presidencial não deve deixar o discurso binário do bem contra o mal, onde rancores e ódio seguem sendo a principal ferramenta de discurso. Há certo temor em alguns setores da sociedade para onde esta polarização vai nos levar em um momento delicado que o País vive.