O velho é o novo

O velho é o novo
Didi marketing político
Se a pauta de discussões se mantiver, o eleitor deverá recorrer à impressões anteriores que foram positivas na hora de votar

*Por Didi Pasqualini

Com a liderança de Lula se consolidando no cenário eleitoral, o vento radical conservador que varreu candidaturas tradicionais em 2018 não deverá se mostrar forte como antes. Os ideólogos das redes sociais não se revelaram eficazes à altura daquilo que se propuseram na internet. Não que seus espaços estejam com os dias contados, há e haverá lugar para seu debate e novas composições.

Desde a abertura democrática, há mais de 30 anos, as ideias políticas que nos colocam dentro de um segmento específico ocupam lugar de destaque, formando-se grupos e subgrupos que se ligam a esta ou àquela ideologia.

Foi assim com a maioria dos partidos, em vários matizes. As redes sociais são catalisadoras de grupos, hoje catalogados em bolhas, mensageiros de uma visão específica de mundo que, de alguma forma, buscam manipular e submeter a uma ordem ligada à lógica da servidão voluntária. Desta maneira, qualquer irradiação de fatos, fakes ou não, ganha poder sobre os indivíduos.

Por outro lado, é possível observar que o perfil de boa parte da sociedade não sustenta o debate direita ou esquerda, conversa mais do que ultrapassada, e não é de hoje. É possível enxergar grandes capitalistas com “alma” extremamente generosa que podem ser confundidos com aqueles de visão de mundo mais à esquerda e gente da esquerda, pobres, mas ideologicamente comprometidos com radicalismos profundos.

Porém, no âmbito eleitoral mais amplo, para aquele que decide o voto - e sem as paixões costumeiras - o indicador é e continua sendo a economia. Não é possível mitigar a fome com a crise e os índices de crescimento chegando ao patamar dos anos 80. Também, responsabilizar um governo apenas é não enxergar como e porque chegamos até esta situação.

Não se trata de paixão a esta ou àquela agremiação, mas de perceber neste momento quem pode “arrumar” a casa. Esta eleição deverá ser marcada por projetos que tenham a força de tirar o País de onde se encontra. Guerra ideológica, fake-news, ufanismos, Deus, que este ou aquele é corrupto e tantas outras ações ou palavras de ordem que marcaram a eleição passada podem não surtir efeito neste momento.

É preciso lembrar que Lula, talvez não precise de um projeto para ser eleito, pois este já se encontra no imaginário popular. Não é necessário formular peças simbólicas aqui, basta perceber que entre dezenas e dezenas de candidatos não foi possível arranjar um, apenas um, que se consolidasse como alternativo.

O entendimento das coisas que se passam no mundo virtual é bem diferente daquele que se apresenta no cotidiano da grande maioria das pessoas. Há momentos numa campanha em que a batalha pela percepção dá lugar à reflexão, por mais simples e breve que ela seja. Quando a prisão da emoção abre espaço para a razão, organiza-se algo silencioso - que já foi chamado de a "voz rouca das ruas" e parece não ter volta. Ela é implacável.

** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.

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