A velha política
uma pergunta feita a mim durante convenção partidária inspira este texto. A dúvida era se o marketing político não fala da velha política como um instrumento de efeito. Seguindo a conversa, a causa seria a repetição dos mesmos “erros” e práticas do governo que preside esta nação.
No texto anterior falei um pouco da idolatria que cerca dois grupos de poder hoje, e todo o sentido que a cerca impacta na análise que penso em fazer aqui. Isso porque levar uma conversa mais profunda hoje junto à maioria das pessoas se tornou delicado, para não dizer perigoso. Quando se tem paixão, quase sempre se perde a razão.
Para começar, acredito que esta ideia de consumo que se associa ao “novo” e “velho” nos remete ao consumismo sem travas, que é alimentado na sociedade. O marketing político o toma emprestado para atribuir valores ao imaginário já construído pelas marcas. Ou seja, estamos diante de objetos quase divinos a nossa frente, e os mesmos arquétipos e valores são levados ao universo político.
Para não alongar muito ou ser “professoral”, se a gente pensar na política não é possível diferenciar aquilo que é novo dentro dessa máquina que, para funcionar, tem de saciar o apetite de muita gente, e não é só a maioria dos políticos não. Então o novo tem de ser pensado por aí, caso contrário continuaremos consumindo sonhos e esperança achando que é mercadoria nova.
Porém o que está como novo é a forma de midiatizar a política. E, infelizmente, não é para todos, sejam pessoas velhas ou mais novas. O marketing das redes vai manter o êxtase que vem sendo visto nas campanhas de 2018 e 2020. E por que não é para todos? A rede favorece as pessoas, na grande maioria das vezes, que desenterram pequenos truques, e esses passam a ser dominantes. Também, aos que camuflam preconceito e ódio. Sua essência é transformar aquilo que se considera cruel em norma.
Outra questão latente é que este tipo de empilhamento de "mesmice" acaba imputando às estruturas de marketing certa incapacidade de estabelecer projetos mais sólidos, interessantes, que possam furar a bolha da máquina de julgamento que a rede tem educado e ensinado a todos nós. Como ser minimamente autêntico se o Instagram exige que as pessoas publiquem cinco posts por dia para que seu produto seja visto?
Hoje o marketing das redes precisa ser visto apenas como uma estrutura que busca encontrar felicidade e autoestima. A política, quando exercida, tem postura oposta, ela desfaz ilusões, pois o governante herda problemas insolúveis que, longe da solução, machucam as pessoas. É neste estágio que o "velho" tem atuação privilegiada, no pós-êxtase, depois que as pessoas desabam em suas realidades.
No consumo é diferente. A gente se alimenta da fé, dos controles que são ter um produto novo, este sim, para sonhar ou obtê-lo em suaves prestações. E, adquirido, ele não vai decepcionar, pois todos os esforços benéficos são entregues... até a próxima versão.