Bandeira

Bandeira
Esta bandeira manifesta claramente apoio a um candidato

*Por Didi Pasqualini

Estive, há alguns dias, com alguns amigos com os quais estudei ao longo de minha jornada em algumas Universidades. O encontro não foi casual, após a pandemia e o “corre” do dia a dia, acertar agendas foi um périplo. Mas estávamos lá a trocar ideias, de forma bastante republicana, e também - porque não? - politizando a prosa. Todos, em algum momento, estiveram ligados ao cotidiano das redações quando trabalhavam nas editorias políticas. Alguns prestam assessorias a políticos até hoje.

A primeira questão a dizer aqui é que somos um grupo que, apesar da origem profissional, reflete politicamente o estrato social. Há uma divisão bem clara quanto à ideologia política, assim como percebemos na sociedade. Mesmo com forte divisão ideológica reinante no País, ainda não nos dividimos e nos tratamos muito bem. Amizade é uma coisa muito rara para se vender por bobagem com que as notícias falsas tentam nos fidelizar.

Para quem, como eu, está acostumado a fazer campanhas, tentei dizer ao grupo que quando assumimos um lado político costumamos ter visão estereotipada de todo o processo, pois, como torcedores, não enxergamos aquilo que, muitas vezes sem embasamento, defendemos calorosamente. Na sociedade acontece a mesma coisa, somos levados ao pertencimento de grupos - seja religioso, amigos, escola, bairro, etc. - que se misturam à política e roubam nossa alma crítica.

Mas o que ficou muito marcado é que, independentemente da formação, estamos vivendo em uma sociedade muito específica, que está utilizando a política partidária de forma desrespeitosa e muitas vezes impositiva ao outro. As ideias são debatidas de forma irritada, masoquista e agressiva pela grande maioria. Sobe-se o tom quando falta argumento.

O motivo pelo qual afirmo isso é que, ao ser apresentada a política, a grande maioria da sociedade, que até bem pouco tempo se mantinha distante dela, perdeu a noção que separa a individualidade da ignorância que temos sobre a esfera político-partidária.

Na verdade, cada eleitor tem dentro de si um pouco de cada um dos candidatos. Isso se reflete nos números da pesquisa, em que os escândalos, sejam de qual lado for, não abalam o eleitor. Isso faz com que a mentira, notícias falsas, pedofilia, corrupção, crimes, violência, uso da fé, homofobia, preconceito, racismo, machismo, associação ao crime, etc. não impactem na decisão de ninguém, pois no fundo somos uma sociedade, em sua grande maioria, tolerante a isso; ou então a pessoa enxerga no perfil de seu candidato aquilo que gostaria de fazer.

Ao cobrar pouco, multiplicamos funcionalidades do tipo “menos ou mais ruim”. Para tolerar algo ou alguém, precisamos tomar os significados da bandeira ou da cruz no sentido de amparo às crenças, conotações e seus símbolos.

No caso da bandeira, ela manifesta claramente um apoio implícito a um lado, porém seu significado deixou de ser patriótico para declarar uma guerra dentro do próprio País.

Essa bandeira, afixada principalmente em carros de luxo, apartamentos e fachadas, mostra um País diferente daquele que cada um ostenta. No fundo, a bandeira tenta encobrir a indiferença que cada um de nós cultiva em nossos corações.

** O autor é Jornalista, Redator Freelancer e Consultor em Marketing Político.

Postagens mais visitadas