Felicidade
Neste meu último artigo do ano, vou levar nossa conversa a um “lugar” que nos parece bastante banal, mas não o é: a felicidade.
É muito comum lermos sobre ela, que talvez seja o sonho de quase todos, afinal, buscamos a felicidade desde que nascemos, e o modo de vida "moderno" não só impõe esta proposta do bom viver como nos obriga a estarmos ancorados a ela, incondicionalmente.
Não acredito que as pequenas doses de alegria - que o consumo nos impõe - possam ser a verdadeira felicidade. Muito pelo contrário, a ordem da moda nos tem transformado em hedonistas e hiperindividualistas. A própria ideia do ser bem-sucedido, a abundância, o culto do belo, objetos, diversão, coincidem com o desânimo, falta de fé, desesperança, avareza, doenças e tristeza.
Penso que a felicidade surge quando temos um propósito nas coisas, ao sentir que estamos na direção correta, quando fazemos bem a outro. Se você perguntar a qualquer pessoa se ela se lembra de um momento feliz, talvez não seja a aquisição de objetos de consumo sua resposta, mas serão lembranças que a levaram a desafios, onde corpo e mente estavam conectados.
Outra questão que identifico na felicidade tem a ver com aquilo que a gente constitui como jornada. A sociedade nos recompensa não pelos resultados que obtemos, mas pelos processos. São por eles que ganhamos os bônus que nos tornam felizes.
O processo de aprendizado, que em geral leva ao conhecimento, é umas das recompensas, pois com ele modificamos um comportamento anterior. O conhecimento plural nos torna mais livres, e assim vamos sendo recompensados pelos resultados que obtemos ao longo de nossa vida. Portanto, aprender algo novo é uma forma de adquirir confiança e estar sempre próximo de uma recompensa, ou seja, damos a nosso corpo doses de prazer e desconforto.
Talvez o imediatismo - que nos pauta pela ideia da eficiência - estruture nossa forma de agir e pensar ao moldar as sinapses mentais pela artificialidade - frauda nossa forma de perceber o mundo, sobre o qual achamos que temos controle.
Outro jeito de ser feliz é entender o outro, ler o mundo de forma plural, resetar informações preconceituosas que são inseridas na forma de pensar. Machismo, sexismo, ódio, homofobia, racismo e tantos outros, tenha certeza, nos afastam da felicidade. Se a gente não consegue entender as diferenças, criamos ambientes extremamente distantes da felicidade que tanto almejamos.
O Natal, como símbolo de amor, religiosidade e renascimento, é um jogo que inspira as duas faces do comportamento humano diante da data: seu momento de fé e religiosidade eleva a coexistência daquilo que a essência cristã busca preencher. Porém, tudo isso está sendo deixado de lado em nome do consumo, prazer e vaidade. É um bom momento para reflexão e prática.
Inicio 2023 com um novo processo profissional em minha vida, cheio de esperança e vigor. Espero entregar felicidade às pessoas e construir nova relação perceptiva das coisas e do mundo. Como dizia um grande amigo; viver é ótimo.
Espero te encontrar em breve. Boas festas!